Para entender o avanço conseguido pelos pesquisadores, é necessário recordar alguns breves fundamentos da física. A velocidade da luz é o limite absoluto de velocidade no nosso universo. No vácuo, onde nada resiste ao avanço das partículas, esse limite atinge a casa dos 299.792.458 m/s (e, daqui em diante, vamos trabalhar com um número arredondado: 300 mil quilômetros por segundo).
Esse é o valor para o vácuo. Contudo, na superfície da Terra vivemos cercados de atmosfera e de diversas outras formas materiais. Em cada um deles, a velocidade da luz assume outros valores. Na água, por exemplo, cai para a 70% dos tais 300 mil quilômetros por segundo no vácuo. Na sílica, que perfaz o interior das fibras óticas comuns, por exemplo, a refração é tanta que atinge apenas 31% do valor limite possível no vácuo. No ar a refração é menor, e por isso a oscilação na velocidade da luz é quase imperceptível.
Em resumo, isso significa que, na melhor das hipóteses, uma fibra ótica comum pode transportar informações a velocidades que chegam a 31% de 300 mil quilômetros por segundo. Em Southampton, os cientistas decidiram que isso não era o bastante. Sabendo que o ar causa pouca perda de velocidade, os cientistas da universidade inglesa desenvolveram cabos de fibra ótica que não possuem sílica no interior, mas ar.
A ideia de criar fibras óticas nas quais o ar é o meio de propagação dos pulsos luminosos não é exatamente original. Contudo, todas as outras tentativas esbarravam na natureza do elemento, que ao contrário do vidro, tem um índice de refração da luz baixo, impedindo que os raios e as informações que ela carrega façam curvas.
Os pesquisadores conseguiram superar o problema com o uso de aros sensíveis a luz, posicionados em toda a extensão dos filamentos ocos e preenchidos com ar. Esses elementos conseguem propagar a luz sem interferir na velocidade de transmissão.
Ainda incipiente, a tecnologia não tem como superar as fibras óticas comuns para aplicações comerciais, que precisam superar longas distâncias. Mas um uso possível é em grandes data centers, ligando supercomputadores e servidores a velocidades que permitem a transmissão de 10 terabytes de dados a cada segundo.
Fonte: Extreme Tech
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